segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Cerca de 2,3 milhões de imigrantes vieram para SP entre 2000 e 2010, mas 1,8 milhão voltaram para casa

Baianos, mineiros, pernambucanos, cearenses e paranaenses. São esses os principais grupos de imigrantes brasileiros que habitam hoje a Grande São Paulo.

A Pnad 2012 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mostra que a região metropolitana tem hoje 20,2 milhões de habitantes.

Cerca de 5,5 milhões deles nasceram fora do Estado de São Paulo --uma população maior que a de países como Noruega, Irlanda e Uruguai.

O movimento, no entanto, representa a diminuição da presença de imigrantes no caldeirão paulista.

Se nos anos 1970, a cada dez habitantes da região metropolitana de São Paulo, seis eram imigrantes do restante do país ou do exterior, hoje essa razão é de três forasteiros para cada dez moradores.

Isso se deve a dois fatores: primeiro ao fato de filhos dos imigrantes daquela década já terem nascido na Grande São Paulo e serem contabilizados como tal; e em segundo lugar ao fluxo e refluxo migratório que caracteriza os deslocamentos do século 21.

"Embora haja continuidade dos mesmos fluxos migratórios do século 19 e 20, a nova face da imigração a São Paulo é o retorno", avalia Rosana Baeninger, professora da Unicamp e pesquisadora do Nepo (Núcleo de Estudos de População).

A demógrafa afirma que, segundo dados do Censo 2010, cerca de 2,3 milhões de migrantes se mudaram para São Paulo entre 2000 e 2010 ao mesmo tempo em que 1,8 milhão deixaram a região metropolitana no período.

"Sessenta por cento daqueles que saíram de São Paulo são migrantes de retorno [que estão voltando a suas regiões de origem] e 40% são, em geral, filhos de imigrantes", diz. "São Paulo se tornou área de rotatividade migratória."

ÚLTIMA VINDA

Morador da zona leste de São Paulo, Vilmar Rodrigues, 37, quer voltar à cidade natal de uma vez por todas.

Mineiro de Itaobim, um município de 21 mil habitantes a 617 quilômetros de Belo Horizonte, chegou a São Paulo pela primeira vez em 2000.

Essa sua nova temporada na capital paulista foi até 2006, quando voltou a Minas. Mas não conseguiu ficar muito tempo lá: em 2008, pegou novamente um ônibus para tentar a vida em São Paulo.

Agora, afirma, está decidido a voltar de vez a Itaobim. "O aluguel em São Paulo é caro, não consegui comprar uma moto nem carro nem casa. Não me arrependo, mas não foi bom", diz.

Se os planos de Rodrigues derem certo, dezembro será o último mês dele aqui.

Rodrigues está desempregado, mas já foi garçom, marceneiro e motorista. E fez um curso para aprender o ofício de torneiro mecânico.

Segundo ele, Itaobim "agora está melhorando, tem empresas que vão para lá".

RAÍZES HISTÓRICAS

Mineiros começaram a se mudar para São Paulo no início do século 19, com a falência do ciclo da mineração.

Baianos e pernambucanos foram inicialmente recrutados nos anos 1930 pela Companhia de Agricultura, Imigração e Colonização (Caic), uma iniciativa da Companhia Paulista de Estradas de Ferro para obter mão de obra agrícola quando os fluxos de estrangeiros (principalmente de italianos) diminuíram.

"A desigualdade sempre foi um fator de deslocamento de nordestinos para São Paulo, mas houve um estímulo institucional que facilitou isso", diz a demógrafa.

Para Baeninger, os imigrantes nordestinos ainda "são populações extremante importantes para a economia paulistana".

TERRA ESTRANGEIRA

A Pnad 2012 também aponta que São Paulo tem hoje 223 mil estrangeiros vivendo em sua região metropolitana. Eles correspondem a apenas 0,52% da população local.

A pesquisa não faz distinção de grupos ou nacionalidades e contabiliza aí tanto integrantes de ondas migratórias antigas, como a japonesa, quanto as mais recentes, como a boliviana.

Estudo do Observatório das Migrações em São Paulo detectou uma mudança no padrão dessa imigração estrangeira à São Paulo.

De acordo com o estudo, grupos de bolivianos, paraguaios, chineses e coreanos têm ido para o interior do Estado trabalhar em diversas funções na agricultura, indústria e comércio.

Fonte: Folha de São Paulo, 30/09/2013


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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

ARTIGO | "Entre as idas e vindas potiguares: desenvolvimento regional e migrações no contexto do Rio Grande do Norte"

Pesquisadores do Observatório das Migrações Nordestinas acabam de publicar artigo no Cadernos de Estudos Sociais (CES vol.27, n.2) sobre as migrações do RN no contexto do desenvolvimento regional. No artigo, "Nascimento e Ojima procuram evidenciar alguns elementos que poderiam lançar luz à dinâmica migratória diferenciada que o Rio Grande do Norte apresenta, pois apresenta saldos migratórios positivos em um contexto regional de grandes perdas populacionais".

NASCIMENTO,Tiago C.L. do; OJIMA, Ricardo. Entre as idas e vindas potiguares: desenvolvimento regional e migrações no contexto do Rio Grande do Norte. Cadernos de Estudos Sociais, Recife, v.27, n. 2, p. 166-190, jul/ago, 2012.

RESUMO: O estado do Rio Grande do Norte tem apresentado uma dinâmicas migratórias mais destacadas na região Nordeste há algumas décadas. Embora seja um estado pequeno e, portanto, os volumes absolutos pouco impactem no total dos fluxos migratórios da região como um todo, as dinâmicas internas ao estado se constituem como importantes mudanças na dinâmica econômica, social e, sobretudo, para o planejamento. Este ensaio busca iluminar algumas das heterogeneidades intraestaduais e sua importância no contexto das migrações estaduais. Mais do que conclusões, busca-se construir elementos que permitam avançar em direção a estudos futuros mais detalhados dessas relações ainda pouco estudadas no âmbito sociodemográfico.



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